sexta-feira, 24 de setembro de 2010

NAO TOQUEIS NOS UNGIDOS DE DEUS

PASTOR UNGIDO DE DEUS


‘Não tocar no Ungido do Senhor’

Vai se generalizando entre nós, evangélicos, a idéia de que o pastor é “o ungido do Senhor”. Assim, quando algum pastor está sendo acusado de algum desvio ético, surge no nosso meio a expressão: ‘não tocar no ungido do Senhor.’ A frase reivindica ao pastor uma superioridade comparável a que tinha um sumo sacerdote do AT ou um rei em Israel. Geralmente dita para defender o líder cuja reputação está sendo atacada, o que se quer é que os críticos deixem de investir contra a figura impoluta do pastor. Como se o pastorado fosse uma espécie de casta cristã, constituída por pessoas detentoras de uma relação especial com Deus e, por isso, não podendo ser contestadas. A idéia é que eles desfrutam de uma linha direta com Deus e, portanto, têm uma autoridade espiritual inatacável. Enfim, o uso da expressão defende que pastores estão acima dos outros crentes.

Para se ter uma base bíblica, tira-se da cartola um episódio ocorrido no tempo em que o rei Saul perseguia a Davi, procurando matá-lo. Um dia, apertado, o rei entrou numa caverna para `desafogar-se`, sem saber que Davi e seus homens estavam no fundo da gruta. Os valentes de Davi mal podiam acreditar no que viam. A vida de Saul agora estava nas mãos de Davi. O perseguidor nas mãos do perseguido. Surpreendentemente, Davi cortou a orla do vestido de Saul, mas não tirou-lhe a vida, convencido de que não devia ‘tocar no ungido do Senhor`.

Só que transportar a figura do rei de Israel para a figura do pastor, hoje, é desonestidade bíblica. Os pastores são homens-dons que Deus deu à Igreja, mas não são como os sacerdotes do AT. É que o NT ensina que todo o crente é um sacerdote. A igreja é “a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido...”(1 Pe 2.9). E. todos nós somos ministros, pois todos somos servos. E todos somos leigos, porque todos somos povo (é este o sentido da palavra “leigo”, alguém do povo). Portanto, como batistas, não temos um clero e um laicato.

Hoje, sinto saudades do tempo em que os pastores não buscavam sua glória pessoal, mas apenas serviam ao reino e a suas instituições. Um tempo em que pastores, íntegros e piedosos, sóbrios e éticos, e, sobretudo, comprometidos com Cristo, não tinham como alvo formar um império religioso ou se apropriar do gazofilácio da igreja. Um tempo em que os pastores tinham rebanho, e não fãs-clubes. Um tempo em que queriam que o nome de Cristo fosse exaltado em suas vidas a qualquer custo, ao invés de alçarem seus nomes em gás néon.

É muito bom prestar atenção nas orientações de Paulo. Ele diz que “os bons pastores (os que lideram bem a igreja) são dignos de dupla honra, especialmente aqueles cujo trabalho é a pregação e o ensino” (1Tm 5.17). Também ensina a não aceitar acusações contra eles, que não tenham como prova duas ou três testemunhas. Mas, o apóstolo também ensina que pastores que pecarem deverão ser repreendidos em público, para que os demais também temam (1Tm 5.19,20).
Graças a Deus por muitos pastores que, não se achando intocáveis, ainda assim trazem as marcas do Cristo vivo em suas vidas. Neste dia do Pastor, a nossa homenagem àqueles que exibem vidas santas, honradas e dignas de serem imitadas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário